
Por trás daqueles olhos cansados, escondia-se um campo de batalha invisível.
Não havia feridas na pele, nem manchas reveladas por exames; a doença morava nas sombras, silenciosa e impiedosa, corroendo cada lembrança boa, cada traço de alegria que um dia lhe iluminara o rosto.
Não era fraqueza. Não era escolha.
Era uma prisão sem grades, onde o carcereiro era a própria mente e o algoz, a substância que lhe prometia alívio enquanto cavava abismos.
Aos poucos, roubava-lhe os sonhos, como um ladrão noturno que apaga as estrelas do céu; sugava-lhe as forças, como um vento frio que arranca as folhas de uma árvore já cansada.